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Da tradicional à diferentona, Ribeirão Preto é destino para fãs de cerveja

Rodrigo Casarin

Colaboração para o UOL, de Ribeirão Preto (SP)*

10/10/2016 23h01

O histórico bar Pinguim, inaugurado em 1937, é a primeira coisa que vem à cabeça de muita gente quando se fala de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Mas a cidade vai muito além do famoso endereço: bares com propostas diversas e oito cervejarias transformaram o local em um destino certo para o turismo cervejeiro.

Passando pelos produtores, é possível provar cervejas direto dos tanques de maturação, ouvir histórias, conhecer processos e aplacar o calor que costuma dominar a região. Conheça, abaixo, as melhores atrações etílicas da cidade. 

Diferentonas
O destino mais original do tour etílico por Ribeirão Preto é o Weird Barrel, bar que produz suas próprias cervejas e que sempre instiga o consumidor a fugir do lugar-comum. Por lá você não encontrará as “fáceis” pilsen ou weiss, mas precisará dar a chance para rótulos como a fruit beer Bad Luck ou a Naughty Grog, uma black IPA envelhecida em barril de rum, a cerveja mais conhecida da casa. Vale pedir para provar a degustação, com quatro rótulos.

Quer comer? Nada de fritas também, mas que tal um sanduíche de panceta com picles de repolho? Toda inspirada com a temática pirata, a decoração do lugar também merece a atenção do visitante.

Das cervejarias locais ainda há a Lund, segunda mais antiga da cidade, de 2009. Desde 2015 ela produz em uma nova fábrica com capacidade para até 90 mil litros por mês, mas ainda tem um agradável bar em seu antigo endereço, próximo ao Novo Mercadão. É boa opção para provar as honestas dunkel e belgian pale ale da casa.

Já a Walfänger conta com um pub anexo à fábrica, onde é possível enxergar os tanques de fermentação e maturação de onde saem rótulos que seguem estilos da escola alemã.

Menu degustação do Weird Barrel  - Divulgação/ Paulo Gallo/ Varal Diverso - Divulgação/ Paulo Gallo/ Varal Diverso
Menu degustação do Weird Barrel
Imagem: Divulgação/ Paulo Gallo/ Varal Diverso

As pioneiras
Cervejaria mais conhecida de Ribeirão, a Colorado começou sua história em 1996 como brewpub: um bar que produz a própria cerveja. Uma das pioneiras do aumento da diversidade da bebida no país, atualmente ela pertence ao grupo AB InBev.         

A capacidade de produção da Colorado hoje é de até 700 mil litros por mês, algo gigante para os padrões artesanais no Brasil. Além de conhecer a recém-inaugurada fábrica, que está entre as mais modernas e automatizadas do país, a visita vale para provar rótulos como Vixnu e Demoiselle, recentemente premiados no World Beer Awards, um dos principais prêmios mundiais da bebida.

Na fonte, essas cervejas mostram uma qualidade dificilmente encontrada quando compradas em outros pontos de venda, por conta dos danos provocados pelo transporte e más condições de armazenamento. Outra boa pedida por lá é provar o Cauim 016, pilsen com dry hopping de lúpulos franceses que, promete a fábrica, será distribuída apenas na própria cidade.           

Foi na Colorado que Rodrigo Silveira, dono da Invicta, aprendeu muito do que sabe sobre cerveja. A cervejaria dele também está erguendo uma fábrica nova, bem próximo de onde a atual segue produzindo rótulos conhecidos do meio, como a 1000 IBU, e também cervejas de marcas diversas, como a das Velhas Virgens e a 2 Cabeças.

A antiga fábrica será transformada em um brewpub da marca, onde há um restaurante clássico, que é uma boa opção para o almoço. No novo endereço já há um bar despojado, além de uma lojinha com insumos para cervejeiros caseiros, souvenires e um espaço para cursos e palestras. 

A nova fábrica da Colorado, cervejaria mais antiga de Ribeirão, tem capacidade para produzir até 700 mil litros de cerveja por mês  - Divulgação - Divulgação
A nova fábrica da Colorado, cervejaria mais antiga de Ribeirão
Imagem: Divulgação

As novatas
Outro destaque do meio cervejeiro de Ribeirão é a Pratinha. Difícil encontrar alguém que não fale com extremo carinho da cervejaria, que nasceu em 2015 com bastante disposição para experimentações. Há quem diga que ela se parece mais com um laboratório do que com uma fábrica de cervejas, inclusive.

O motivo: a novata se arrisca a produzir rótulos como a Culotte de la Duchese, uma flanders red ale, estilo de cerveja belga reconhecidamente desafiador para produção. É normalmente feito com misturas de cervejas jovens com levas maturadas por anos em barris de madeira.

Dentre as mais experimentais da casa também está uma maibock maturada com jatobá. Seguindo a linha de estilos já encontrados no mercado, faz uma bela interpretação de vienna lager e uma boa rauchbier.

Dentre as cervejarias mais novas da cidade também estão a SP 330 e a Nacional, ambas inauguradas em 2016. A primeira é focada em estilos nos quais o lúpulo é a grande atração, como IPA, black IPA e pale ale. Já a Nacional é a segunda unidade do brewpub que nasceu na capital paulista. Por lá também produzem as cervejas cujos nomes são inspirados no folclore tupiniquim, como a pale ale Kurupira e a pilsen Y-Iara. 

Cerveja da Lund é retirada do tanque de maturação para que o visitante possa prová-la em sua versão mais fresca possível  - Divulgação/ Paulo Gallo/ Varal Diverso - Divulgação/ Paulo Gallo/ Varal Diverso
Que tal beber cerveja direto do tanque de maturação?
Imagem: Divulgação/ Paulo Gallo/ Varal Diverso

Pós-tour
Se no final do dia ainda sobrar disposição (e fígado) para mais, há algumas ótimas opções de bares com uma ampla variedade de cervejas pela cidade. O Biergarten, por exemplo, tem 16 torneiras para servir chopes armazenados em câmara fria. O Cervejarium, quase tão tradicional quanto a Colorado e também de responsabilidade de Marcelo Carneiro, é uma opção clássica. Já o Vila Dionísio, além das bebidas, também costuma contar com apresentação de bandas.

Como é difícil ir de uma fábrica a outra sem carro (você beberá, portanto, nada de dirigir!), uma boa pedida é optar por pacotes com passeios para conhecer esses lugares. O Tour Cervejeiro (http://www.tourcervejeiro.com.br), por exemplo, tem roteiro que passa por sete cervejarias e custa R$ 255. Já a Rota da Cerveja (www.livreacesso.tur.br/pacotes/Rota-da-Cerveja) cobra R$ 250 pela visita a cinco cervejarias.

Se preferir conhecer as fábricas por conta própria, é recomendado entrar em contato com as cervejarias para agendar uma visita, que custa, em média, R$ 20 por fábrica.

Mais informações
www.facebook.com/WeirdBarrel
www.cervejarialund.com.br/home.html
http://walfanger.com.br
www.cervejariacolorado.com.br/desiberne
www.cervejariainvicta.com.br
www.cervejariapratinha.com.br
www.cervejariasp330.com.br
www.cervejarianacional.com.br

*O jornalista viajou a convite da Tour Cervejeiro