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Com cenário incrível, mergulho em Noronha pode ser feito também por novatos

Eduardo Vessoni

Do UOL, em Fernando de Noronha (PE)*

13/01/2015 06h00

O arquipélago de Fernando de Noronha, a 545km de Recife, é considerado um dos melhores pontos de mergulho do Brasil, devido à distância do litoral e por não ter influência das águas de rios e de seus sedimentos. Sua visibilidade marinha chega a alcançar 50m de profundidade, com temperatura média das águas de 27ºC.

“Suas condições de mergulho são únicas em todo o mundo e a ilha é marcada pela variedade topográfica encontrada em um mesmo destino”, descreve Zaira Matheus, bióloga, fotógrafa e mergulhadora que acompanha as saídas diárias para "batismo" no mar.

Chamados também de mergulho scuba, os "batismos" em Noronha são voltados para iniciantes sem certificação e levam amadores a uma profundidade de 12 metros. A distância é suficiente para avistar um impressionante cenário marinho e degraus rochosos fazem visitantes terem a sensação de voar sobre montanhas submersas.

50 tons de azul
Os instrutores fazem de tudo para tranquilizar mergulhadores eufóricos de primeira viagem submarina. Em tom baixo e pausado, apresentam a tripulação, brincam sobre possíveis enjoos a bordo e fazem questão de repetir no mar, pacientemente, as mesmas instruções dadas no barco. 

O instrutor de mergulho Osni Cavalcanti brinca com efeito de bolhas no fundo do mar, durante mergulho em Fernando de Noronha - Andreza dos Santos/All Angle/Divulgação - Andreza dos Santos/All Angle/Divulgação
Imagem: Andreza dos Santos/All Angle/Divulgação

Os profissionais que acompanham os mergulhadores amadores até buscam adiantar o que deve ser visto lá em embaixo. Tentam, mas não conseguem. O mundo paralelo de tons - exageradamente azulados - que se abre sob as nadadeiras, nos 30 minutos seguintes, só faz sentido quando o forasteiro começa a afundar.

Grupos de arraias flutuam lentos sobre os recém-chegados, cardumes coloridos desviam os olhares com o balé ensaiado - que quase deixa ser tocado - e uma sequência de paredões rochosos termina em cavernas de corais que abrigam peixes tímidos e mergulhadores excitados.

“Nunca prenda a respiração. O mergulho é um movimento lento do ar, é igual a uma aula de ioga”, define um dos especialistas, ainda a bordo.

A experiência costuma acontecer em locais ideais para quem não tem intimidade com a modalidade, como áreas de águas mais calmas, condições de tranquilidade no fundo do mar e profundidade adequada.

Por esses motivos, o batismo acontece nas Ilhas Secundárias, pedaços de terra a nordeste de Fernando de Noronha, separados da ilha principal por conta da erosão marinha, ao longo de milhões de anos.

Muita calma nessa hora
A parafernália complexa usada durante o mergulho, como cilindro, profundímetro e manômetro, de tão pesada sobre as costas, quase faz o novato desistir. Mas, acalme-se: os mergulhos são sempre realizados com o acompanhamento de um instrutor para cada amador.

E mesmo quando o mar insiste em querer invadir-lhe o rosto pelas brechas da máscara ou bate uma (equivocada) vontade de subir à tona de forma rápida, o professor se posiciona à sua frente com um olhar confiante e pede calma, ajeitando a proteção do rosto e indicando com sinais a hora de fazer a compensação da pressão no ouvido.

Onde praticar
Entre os pontos indicados para mergulho está Cagarras Rasas, ilha com fundo de pedra e conhecida pela versatilidade de seu cenário submarino. Abriga animais como o camarão-palhaço, lagosta e as esponjas em forma de vaso.

Com mar mais agitado e formado por grutas submersas, o Buraco do Inferno é outro local ideal para mergulhos, cujo fundo de areia permite a observação de arraias e tubarões.

Já a Ilha do Meio é considerada o melhor lugar para batismo de toda a região, onde o visitante encontra um dos cenários mais impressionantes. De origem calcária, a ilha é conhecida pelas pequenas cavernas de fácil acesso e pelo canal que abriga uma das mais variadas faunas subaquáticas do destino, entre o mar de fora e o de dentro.

O destino é conhecido também pela abundância de peixes, devido à proibição de pesca na área protegida. Desde 1988, o arquipélago de origem vulcânica, que tem apenas 26 km² de área é declarado Parque Nacional Marinho.

E se uma rara arraia-chita (ou raia-pintada) cruzar seu caminho, não é efeito da longa ioga submarina: é Fernando de Noronha se exibindo em sua melhor versão.

* O jornalista viajou com o apoio da Atlantis Divers (www.atlantisdivers.com.br) e da Costa Blue (www.bluenoronha.com.br)