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Travessia dos lagos andinos, entre Chile e Argentina, comemora centenário em 2013

Eduardo Vessoni

Do UOL, na Travessia dos Lagos

14/08/2013 08h14

Mais do que uma epopeia por terras inóspitas no sul do continente que se iniciava há exatos cem anos, a aventura entre lagos e vulcões na fronteira entre o Chile e a Argentina  deu início a uma das travessias mais populares em território sul-americano.

Conhecida como "Travessia dos Lagos" ("Cruce de Lagos" em espanhol), a experiência começou em ritmo descompromissado com Ricardo Roth, um suíço que, em 1913, encabeçou travessias para europeus interessados em desbravar terras ainda desconhecidas em território patagônico.

Atualmente, uma parceria entre empresas argentinas e chilenas atua em determinados trechos desta viagem realizada em sete etapas (4 terrestres e 3 lacustres) entre a chilena Porto Varas e a queridinha dos brasileiros, Bariloche, na Argentina.

  • Eduardo Vessoni/UOL

    Gaivotas costumam acompanhar os barcos que realizam a viagem entre o Chile e a Argentina

A expedição com fins turísticos cumpre um rigoroso trajeto com até dois dias de duração e sete etapas que inclui não somente navegações em lagos mas também deslocamentos terrestres em território chileno e argentino.

Sim, a peregrinação patagônica é extensa e cansativa, porém toda energia despendida será, naturalmente, recompensada. Afinal de contas o que se vê diante dos olhos segue no mesmo lugar há alguns milhares de anos.

Neste roteiro de destinos escondidos entre altas montanhas de pico nevado e lagos de águas glaciais, o viajante visita os impressionantes Saltos de Petrohué, uma sequência de quedas d'água de tons azulados que rasgam rochas vulcânicas localizadas no interior do Parque Nacional Vicente Pérez Rosales, o mais antigo do Chile; o Osorno, um vulcão adormecido a 2662 metros de altitude entre bosques de lengas e alerces andinos; e o Lagos Todos los Santos, de águas esmeraldas tingidas pelo degelo produzido no Monte Tronador.

Paisagens pitorescas

Seja em direção a Bariloche ou no circuito contrário, o trajeto completo dura um dia inteiro ou dois com um pernoite na minúscula Peulla, no Chile. Por questões climatológicas, os passageiros são obrigados a passar a noite neste vilarejo de apenas 120 habitantes durante os meses de outono e inverno.

Peulla é uma das paradas mais pitorescas da viagem. Em cem anos, pouco mudou por ali, exceto pelos tours em veículos 4x4 ou pelos passeios como caminhadas, cavalgadas e breves navegações oferecidas pelas famílias locais que vivem, exclusivamente, do turismo e da agricultura.

Dormir naquela comunidade rural que se encontra isolada sem acesso por terra, em plena cordilheira dos Andes, é uma das experiências mais fascinantes de todo o roteiro.

Peulla é a última parada antes da fronteira com a Argentina, uma viagem terrestre de duas horas por florestas patagônicas até Puerto Frías, de onde o viajante volta a singrar as águas geladas da região sobre o Lago Frías até Puerto Alegre com o vulcão Tronador como principal cenário natural. Dali, Puerto Blest e Puerto Pañuelo são os próximos destinos aos quais se chegam também por vias lacustres.

Já no final do dia, uma viagem pelos 25 km que separam Puerto Pañuelo, um pequeno porto localizado no interior do Parque Nacional Nahuel Huapi, e Bariloche anuncia o fim da aventura.

Aquelas navegações lentas por terras distantes paralisam até o viajante mais experiente (e não estamos falando apenas do vento congelante do lado de fora da embarcação).

SERVIÇO

Quando ir
As saídas de Porto Montt, Porto Varas e Bariloche acontecem durante todo o ano. De setembro a 30 de abril, a viagem pode durar um dia ou mais, de acordo com a escolha do passageiro. Já nos meses de outono e inverno (entre maio e final de agosto), é obrigatório o pernoite em Peulla.

Onde ficar
Quem se hospeda em Peulla conta com apenas duas opções de hospedagem: o Peulla (www.hotelpeulla.cl), cujo dono foi ninguém menos do que Ricardo Roth, o pai da travessia andina que, em 1913, comprou o hotel de 1896 de uma empresa afetada pela crise econômica causada pela Primeira Guerra Mundial; e o Hotel Natura (www.hotelnatura.cl), um quatro estrelas localizado na margem mais ocidental do lago Todos los Santos e com quartos com amplas janelas com vistas para o Cerro Techado.

Quem leva
Cruce Andino: www.cruceandino.com