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No porto de Santos, turista convive com cargueiros, caminhões e fumaça; situação pode mudar em 2014

Marcel Vincenti

Do UOL, em Santos (SP)

29/11/2012 09h20

Antes de começar a navegar por belas paisagens marítimas, o viajante que embarca em um cruzeiro no porto de Santos, em São Paulo, tem que conviver com imagens que em nada lembram um passeio turístico.

Apesar de moderno e bem sinalizado, o terminal de cruzeiros da cidade está encravado em uma das maiores zonas de movimentação de cargas da América Latina. No local, para chegar a seu transatlântico, o turista tem de cruzar com trens, silos gigantescos, navios cargueiros de casco enferrujado, pilhas de contêineres, caminhões e, não raro, muita fumaça.

Além disso, alguns navios não conseguem atracar na área em frente ao terminal de passageiros (que não tem espaço suficiente para receber embarcações com mais de 300 metros de comprimento ou mais de dois navios ao mesmo tempo) e acabam ancorando em lugares distantes.

Nesses casos, os turistas devem formar fila para entrar em ônibus que os leve, em um percurso de dez minutos, até suas embarcações. No caminho, mais gruas, mais contêineres, mais caminhões. E o cenário é o mesmo quando o viajante entra no transatlântico. Da varanda de sua cabine ou do deque superior do barco, o que mais se vê são cargueiros e contêineres.

Os problemas de acessibilidade estão entre as razões que fizeram a MSC (uma das principais companhias de cruzeiro do mundo) planejar a construção de um novo terminal de passageiros em Santos, que seria erguido na região do Valongo, a 5 km de distância do atual terminal. Com capacidade para receber até três transatlânticos ao mesmo tempo, a obra estaria totalmente dedicada ao mercado turístico. O projeto, porém, que já foi apresentado a autoridades governamentais, ainda não tem data para sair do papel.

  • Marcel Vincenti/UOL

    Turistas tomam ônibus e cruzam áreas de movimentação cargueira para chegar a navios em Santos

“O porto de Santos ainda é limitado para um grande fluxo de navios de cruzeiro”, afirma o diretor comercial da MSC, Adrian Ursilli. “E, como prevemos que esse mercado irá crescer muito no Brasil, temos o objetivo de contar com um terminal próprio em breve”.

Soluções

O governo federal, por outro lado, planeja aumentar a área de cais que fica na frente do terminal de passageiros nos próximos anos. De acordo com o projeto, que tem previsão de conclusão para 2014, a zona passaria a ter capacidade para receber até seis navios simultaneamente (e sem limite de comprimento). Hoje, apenas dois transatlânticos conseguem se acomodar ao mesmo tempo na área.

“É uma medida que vai deixar embarque e desembarque mais rápidos e evitar que os passageiros tenham que cruzar zonas de descarga para chegar a seus navios”, diz a gerente-geral da Concais (empresa que administra o terminal de passageiros de Santos), Sueli Martinez. “A partir daí, será um percurso bem mais fácil até a embarcação”.

Nesta temporada, mais de 450 mil pessoas devem embarcar em cruzeiros no porto santista. Para uma viagem de três noites, a taxa portuária paga por cada passageiro chega a custar 180 dólares.