Foi por pouco que a ilustradora paulistana Ale Kalko, de 39 anos, não precisou dizer "hasta la vista, baby" para sua viagem a Buenos Aires depois de ver duas pessoas da fila serem recusadas, uma por estar com RG antigo demais e outra por tentar embarcar apenas com a CNH. Quando se trata de documentação, um erro clássico entre os turistas brasileiros é tentar viajar para países do Mercosul apenas com a carteira de motorista ou a de trabalho, válidas apenas em voos domésticos. Passaporte vencido e RG desatualizado (aquele em que você ainda tem cara de criança) ou mal conservado também são dramas comuns.
Ale havia optado por usar somente o RG como identificação e estava tranquila. "A moça que fez o check-in olhou meu RG contra a luz, chamou um colega, conversou e decretou que não seria aceito porque estava em mau estado de conservação. Ele tinha passado pela máquina de lavar por acidente e o miolo ficou meio enrugado." Para não perder o voo, Ale pediu a uma amiga que levasse seu passaporte até o aeroporto. Felizmente, deu tempo.
Com a chegada do fim do ano, a expectativa da Secretaria de Aviação Civil é que, entre 10 de dezembro e 10 de janeiro, 20,1 milhões de viajantes passem nos 15 principais aeroportos do país em viagens de Natal, Ano Novo e férias escolares. Com tanto movimento, é essencial que os passageiros se informem para evitar surpresas.
Quebrei o pé. E agora?
Pouca gente sabe, mas, por questões de segurança, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) recomenda a compra de um assento extra (ou passagem de primeira classe, com maior espaço para se esticar) como alternativa para passageiros com gesso em membro inferior. A chef de cozinha carioca Bruna Cava, de 23 anos, passou por essa situação. "Além da má sorte de sofrer uma fratura às vésperas do embarque para Lisboa, descobri que precisaria de outro lugar para o meu pé quebrado”, lembra.
Para evitar o gasto, a solução de Bruna foi botar força nas muletas e encontrar o ortopedista, às pressas, para emitir um atestado assegurando que viajar em assento simples não faria mal.
A publicitária mineira Roberta Fortes, de 30 anos, teve dois prejuízos grandes no mesmo mês. O primeiro porque foi roubada em Madri, cidade onde vive há dois anos, perdendo seu NIE, documento de residência legal para estrangeiros na Espanha. “Eu precisava voar para São Paulo na semana seguinte porque seria madrinha de casamento, então fiz um boletim de ocorrência para não ser barrada na imigração quando voltasse à Europa”. Teria dado tudo certo se não fosse por um detalhe: o voo de volta tinha escala em Zurique, onde o B.O. em espanhol seria inútil. “Fui impedida de embarcar e tive que comprar um voo direto para a Espanha, já que precisava voltar ao trabalho. Como se ainda fosse possível sofrer mais, perdi esse mesmo emprego na semana seguinte". Consolo: Roberta já arrumou outro emprego em Madri e seu novo NIE ficou pronto.